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Trump e a nova estratégia para minerais críticos verdes

A eleição de Donald Trump, conforme mencionado por Christiana Figueres, ex-chefe da ONU para o clima, representa um sério desafio para as ações globais relacionadas às mudanças climáticas. Desde que assumiu a presidência, Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e impediu a participação de cientistas americanos em pesquisas climáticas internacionais. Além disso, ele criticou os esforços de seu antecessor para desenvolver tecnologias verdes, rotulando-as como um “golpe verde”.

Curiosamente, apesar de seu histórico adverso em questões climáticas, Trump se mostrou interessado em negociar com a Ucrânia sobre minerais críticos e demonstrou um forte interesse por Groenlândia e Canadá, ambos ricos em tais recursos. Os minerais críticos são essenciais em indústrias como a aeroespacial e de defesa, mas também têm um papel fundamental na fabricação de tecnologias verdes.

O vice de Trump, Elon Musk, CEO da SpaceX e Tesla, compreende bem a importância desses minerais na transição para energias limpas. A demanda por lítio tem aumentado dramaticamente, principalmente devido ao crescimento das indústrias de energia limpa e veículos elétricos, prevendo-se que, nas próximas duas décadas, essas indústrias sejam responsáveis por uma grande parte da demanda. Musk chegou a sugerir que a Tesla poderia precisar entrar diretamente no setor de mineração devido aos altos preços.

Um relatório do Comitê Selecionado do Governo dos EUA, publicado em dezembro de 2023, destacou a vulnerabilidade dos EUA em relação aos minerais raros e críticos, especialmente em relação à dependência da China. A China, observou-se, dominou o mercado após perceber as oportunidades econômicas nas tecnologias verdes, controlando cerca de 60% da produção de terras raras e quase 90% do processamento.

Este domínio teve origem em um investimento estratégico em recursos na África e América do Sul, além do controle do processamento, que é a fase mais lucrativa do negócio. Trump parece estar motivado por um desejo de reduzir essa dependência da China, o que pode acabar beneficiando a tecnologia verde nos EUA.

Enquanto isso, a administração Biden promoveu o setor de tecnologias verdes com atos como o Inflation Reduction Act (IRA), que oferece incentivos financeiros para reduzir emissões de gases do efeito estufa. No entanto, a falta de apoio à mineração de minerais críticos impediu que os EUA aproveitassem completamente o setor.

Com as recentes ações de Trump em busca de acordos de minerais críticos, há indícios de que a abordagem do governo pode estar mudando. Rumores sobre uma possível “Ordem Executiva de Minerais Críticos” indicam um foco em acelerar a extração e processamento desses recursos.

Contudo, a complexidade técnica de estabelecer cadeias de suprimento e o tempo necessário para a construção de novas minas e instalações processadoras levantam dúvidas sobre a eficácia dessas medidas. Além disso, mesmo que Trump opte por manter partes do IRA para garantir investimentos, os representantes políticos podem enfrentar riscos eleitorais se não atenderem às necessidades da indústria verde.

Os investimentos em tecnologias verdes nos EUA estão aumentando, mas a incerteza sobre a posição do país no cenário internacional continua a ser um fator limitante. Dessa forma, embora Trump não se posicione como um ambientalista, sua aproximação com a questão dos minerais críticos pode, inadvertidamente, beneficiar a economia verde, desde que essa conexão seja claramente percebida e articulada.

Leia o texto original em: https://www.bbc.com/news/articles/c30mjedjzgpo