Evidências de Vida Microbiana Antiga em Marte

Um rochedo em forma de ponta de seta encontrado no Cratera Jezero, em Marte, intrigou cientistas ao apresentar indícios de atividade microbiana antiga no planeta vermelho. Esse achado ocorreu em julho do ano passado, quando o rover Perseverance da NASA revelou a presença do que poderia ser uma das melhores evidências até agora de que vida microbiana existiu em Marte há bilhões de anos, quando o ambiente era mais úmido.
O rochedo, chamado Cheyava Falls, foi nomeado em homenagem à maior cachoeira do Grand Canyon, no Arizona. Ele está localizado na borda de um antigo vale fluvial, conhecido como Neretva Vallis, que segue a parede interna da cratera. Caracterizado por manchas de cores diferentes, que os pesquisadores carinhosamente chamaram de ‘sementes de papoila’, e manchas escuras em formato de milímetros, apelidadas de ‘manchas de leopardos’, o local mostra composições químicas que são promissoras para estudos de vida microbiana.
As investigações indicam que as rochas possuem altos níveis de ferro, com variações em seu estado de oxidação, o que poderia ser um sinal de atividade orgânica. Joel Hurowitz, investigador principal do instrumento PIXL do Perseverance, destacou que reações similares em ambientes terrestres costumam estar associadas à respiração de matéria orgânica por microrganismos.
Além disso, foram identificadas veias de sulfato de cálcio no rochedo, o que sugere a passagem de água no local, um forte indício da possibilidade de que a vida já tenha existido ali. Apesar de existir a hipótese de que essas características possam ter se formado através de processos não biológicos, como atividade vulcânica, as análises continuam a mostrar que essas formações ocorreram em temperaturas baixas.
O canal Neretva Vallis, onde o Cheyava Falls foi encontrado, acredita-se que tenha sido moldado por água que correu para dentro da cratera. Os cientistas sugerem que lama rica em compostos orgânicos pode ter preenchido o vale, solidificando-se na forma da rocha.
Embora o Perseverance não leve instrumentos para detecção de vida, ele está coletando amostras que serão levadas de volta à Terra no futuro para análises mais abrangentes. Cientistas estão muito motivados a estudar as amostras do Cheyava Falls, pois isso poderá responder uma das maiores questões da humanidade: estamos sozinhos no universo?
O retorno das amostras de Marte enfrenta complicações e desafios financeiros significativos, com custos estimados em 11 bilhões de dólares. A NASA explorou novas abordagens e está aguardando alocação de fundos do Congresso, para fazer o lançamento das amostras entre 2035 e 2039.
A pesquisa em torno das amostras de Cheyava Falls é vista como crucial para averiguar a existência de vida fora da Terra. Segundo Amy Williams, astrobióloga e membro da equipe do Perseverance, a descoberta de vida além do nosso planeta seria um marco científico sem precedentes.
Texto escrito com base no artigo.