COP30: Movimentos Sociais Se Unem em Belém por Justiça Climática

Nos preparativos para a COP30, que acontecerá em Belém em novembro, movimentos sociais e ONGs ambientais se mobilizam para realizar uma “COP paralela”. O objetivo é ampliar a visibilidade das suas agendas e pressionar autoridades e o setor privado a tomarem decisões com uma perspectiva mais abrangente do que a estrutura oficial permite.
Intitulada “street zone” ou “zona da rua”, essa paralela faz alusão às zonas verdes e azuis, onde ocorrem os diálogos entre o setor privado e as autoridades nas COPs. A expectativa é que essa iniciativa promova um espaço vibrante de troca de ideias e reivindicações, especialmente considerando que será a primeira COP em um país com tradição democrática após três edições em nações com restrições à liberdade de expressão.
O Greenpeace destaca que a localização geográfica de Belém facilita a presença de diversos movimentos sociais, incluindo aqueles ligados à disputa por terras e causas ambientais. Danicley Aguiar, representante do Greenpeace, enfatiza que a COP30 será uma grande oportunidade para a sociedade civil brasileira e internacional atuarem.
O governo brasileiro já iniciou o diálogo com essas organizações, estabelecendo um Grupo de Trabalho Técnico para coordenar a participação social na COP30. Esta iniciativa surge em resposta à pressão da sociedade civil e visa garantir espaços adequados para acomodar as aproximadamente 15 mil pessoas esperadas, com solicitações de infraestrutura básica, como alojamento, alimentação e transporte.
A ideia da Cúpula dos Povos, inspirada na experiência da Rio+20, é um eixo central nas discussões em torno da COP30. Assim, o conceito de “justiça climática” é enfatizado como crucial, abordando a necessidade de que os custos das mudanças climáticas sejam suportados de maneira justa, evitando que as comunidades menos responsáveis por estas crises arcam com seus efeitos.
A Cúpula dos Povos, composta por mais de 500 organizações, pretende recuperar o diálogo sobre a importância das comunidades e dos povos marginalizados nas discussões climáticas. Iván González, um dos porta-vozes da Cúpula, aponta a intenção de utilizar espaços formais e informais para pressionar por mais justiça nas negociações climáticas. “O dia 15 de Novembro será a grande mobilização global pela justiça climática”, afirma.
O movimento já começou a ganhar força, com mais de 260 organizações enviando uma carta ao presidente Lula e aos principais representantes da COP30, demandando medidas para evitar conflitos de interesse nas negociações, especialmente a exclusão de lobistas de indústrias poluentes das delegações. Além disso, a carta requere que todos os participantes declarem publicamente suas afiliações, promovendo transparência nos debates.
Texto escrito com base no artigo.