Descobertas em Megiddo: Luz sobre a batalha de Josias

Recentes descobertas arqueológicas na antiga cidade de Megiddo, conhecida como o local da batalha final “Armageddon” mencionada no Livro do Apocalipse, fornecem evidências que corroboram as narrativas bíblicas sobre um confronto entre o Rei Josias do Reino de Judá e o faraó egípcio Necão II, datando de mais de 2.600 anos atrás. Essa batalha é considerada crucial na história bíblica e agora é fortalecida por novas análises de fragmentos de cerâmicas que indicam a presença egípcia em Megiddo durante aquele período.
O estudo, liderado pelo arqueólogo Israel Finkelstein, da Universidade de Haifa e da Universidade de Tel Aviv, foi publicado na “Scandinavian Journal of the Old Testament”. Finkelstein destacou que um grande número de fragmentos de cerâmica egípcia foi encontrado junto com fragmentos de cerâmica grega, datando do final do século VII a.C., quando o Egito costumava empregar mercenários gregos em suas forças armadas.
Essas descobertas arqueológicas confirmam que as tropas egípcias estavam presentes em Megiddo durante o reinado de Josias. No entanto, os fragmentos não provam diretamente que Josias participou da batalha, levantando questões sobre se ele realmente sucumbiu a ferimentos de batalha ou foi executado no local como um vassalo do faraó. A morte de Josias é vista como um prenúncio da queda de Jerusalém, que ocorreu em 586 a.C., quando os neo-babilônios, sob o comando de Nabucodonosor II, destruíram o Primeiro Templo, também conhecido como Templo de Salomão.
A narrativa da agressão entre Josias e Necão é abordada em dois locais diferentes da Bíblia, o que gera debates sobre a natureza real do evento. O historiador e coautor do estudo, Assaf Kleiman, aponta que o episódio é descrito como uma execução no Livro dos Reis e como uma batalha decisiva no Livro das Crônicas, sendo que o primeiro é uma fonte mais próxima da época dos eventos registrados.
Megiddo, hoje situada em um parque nacional a cerca de 30 quilômetros a sudeste de Haifa, foi um ponto estratégico ao longo das rotas comerciais e militares e passou por diversas ocupações ao longo da história, incluindo cananeus, israelitas, assírios, egípcios e persas. As escavações na área revelaram mais de 20 camadas arqueológicas desde a década de 1920, com a camada em questão, que contém fragmentos egípcios e gregos, sendo uma das mais significativas do período pós-732 a.C.
A presença egípcia em Megiddo foi reafirmada por estudos que indicam que o Egito começou a exercer controle sobre a região após a queda do poder neo-assírio e o envolvimento de Josias com Necão é uma questão debatida por muitos acadêmicos. Algumas interpretações históricas sugerem que Josias teria ido a Megiddo para se submeter ao faraó, mas foi executado ali por razões desconhecidas.
Os autores do estudo permanecem cautelosos quanto às circunstâncias da morte de Josias e Finkelstein sugere que sua morte poderia estar ligada ao surgimento das profecias sobre Armageddon, o que implica que o local se tornaria um símbolo do conflito apocalíptico entre as forças do bem e do mal.
Texto escrito com base no artigo.