O Futuro das Casas Noturnas na Grã-Bretanha

Em Sheffield, a famosa Hope Works, conhecida por sua vibrante cena de festas, fechou suas portas após 13 anos, deixando muitos frequentadores de luto. Segundo Liam O’Shea, proprietário do clube, esses espaços são essenciais para a vida noturna, permitindo que as pessoas encontrem sua verdadeira identidade e pertencimento.
Contudo, um fenômeno preocupante se desenrola na Grã-Bretanha: nos últimos cinco anos, aproximadamente 400 clubes fecharam, o que representa mais de um terço do total. O crescimento de custos, a diminuição da renda disponível e novas escolhas de estilo de vida são alguns dos factores atribuídos a esse declínio. Um estudo recente da Night Time Industries Association (NTIA) revelou que quase dois terços dos jovens entre 18 e 30 anos estão saindo menos do que no ano anterior.
Os impactos da pandemia de Covid-19 também estão sendo considerados, já que muitos jovens não tiveram a mesma experiência de vida noturna que as gerações anteriores. Dr. Elizabeth Feigin, psicóloga, argumenta que a conscientização sobre saúde mental e física entre a Geração Z tem levado a uma desaceleração do consumo de álcool, com 39% dos jovens dessa faixa etária evitando bebidas alcóolicas completamente.
Dr. Meg Jay, autora do livro “The Defining Decade”, acrescenta que esse comportamento não se resume apenas à falta de saída social, mas sim à busca por novas experiências, muitas vezes mais saudáveis e conscientes. Ela observa que muitos jovens encontraram felicidade em atividades que não envolvem álcool, priorizando o controle sobre suas vidas.
Além disso, a influência das redes sociais não pode ser subestimada; muitos jovens preferem interagir virtualmente, o que pode criar uma lacuna nas habilidades sociais presenciais. Este fenômeno é amplificado por um aumento nos índices de ansiedade social e solidão, como observado por Dr. Feigin.
Michael Kill, CEO da NTIA, ressalta que a situação financeira dos jovens está se tornando um obstáculo para a vida noturna. O custo de entrada em clubes, bebidas e transporte contribui para essa diminuição do comparecimento aos eventos. No cenário econômico atual, muitas pessoas consideram a saída noturna um luxo.
Estratégias emergentes estão sendo adotadas, como a criação de espaços de festa que não dependem de um modelo puramente voltado ao consumo de álcool. O Gut Level, um projeto inclusivo em Sheffield, é um exemplo de clube que promove um ambiente seguro e acessível, destacando a importância da comunidade, especialmente para grupos marginalizados.
Apesar da crise, clubes como o Acapulco em Halifax, um dos mais antigos do Reino Unido, têm se adaptado a novas demandas e tendências. A longevidade do clube pode ser atribuída, em parte, a sua abordagem voltada ao custo-benefício.
Como afirma a professora Cat Rossi, as casas noturnas são um componente vital do nosso tecido social e cultural. Elas são muito mais do que locais de festa, servindo como plataformas de criatividade e como impulsionadoras de diversos movimentos culturais.
A preservação desses espaços requer inovação e uma adaptação às novas culturas e comportamentos, segundo Tony Rigg. Sem essa mudança, a Grã-Bretanha poderá perder ainda mais suas icônicas casas noturnas.
Texto escrito com base no artigo.