Chefia feminina no Brasil: dados de 2023 revelam desigualdade

As mulheres têm desempenhado um papel fundamental na estrutura familiar brasileira, assumindo a chefia da maioria dos lares do país. Segundo dados do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam 2025), em 2023, aproximadamente 40,2 milhões de domicílios permanentes eram chefiados por mulheres, em contraste com 37,5 milhões liderados por homens. Essa mudança, observada pela primeira vez em 2022, é um reflexo das transformações sociais e econômicas que impactam a vida das brasileiras.
A pesquisa, que compila dados desde 2022, revelou que a predominância de mulheres como chefes de família é especialmente notável nas Regiões Nordeste e Norte, onde muitos domicílios são estendidos, com mais de uma família residindo no mesmo espaço. Essa realidade contrasta com o Sudeste e Sul, onde predominam as unidades habitacionais unipessoais, possivelmente devido ao envelhecimento da população e ao maior tempo de vida das mulheres.
Outro dado relevante do relatório diz respeito às condições de moradia das mulheres em domicílios coletivos, como asilos e instituições de longa permanência, onde 51,9% delas residem. Por outro lado, a maioria dos homens que habitam locais coletivos está em penitenciárias, apontando para um cenário de desigualdade e vulnerabilidade.
Em relação ao mercado de trabalho, o relatório indica uma alta procura por trabalho entre adolescentes de 14 a 17 anos, sendo que 34% das meninas dessa faixa etária buscam emprego, em comparação a 24,1% dos meninos. Muitas vezes, essa busca é motivada pela necessidade de contribuir com a renda familiar. Além disso, os jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como ‘nem-nem’, são predominantemente mulheres, representando 69,5% desse grupo, com uma parte significativa expressando o desejo de trabalhar, mas esbarrando em obstáculos como a falta de empregos adequados e a necessidade de cuidar da família.
As questões de saúde e trabalho reprodutivo também se destacam, com 95,7% das pessoas responsáveis por tarefas domésticas e cuidados familiares sendo mulheres. O relatório revela que muitas jovens alegam não gostar de trabalhar devido às responsabilidades com afazeres do lar, além de problemas de saúde ou gravidez, o que ressalta ainda mais os papéis tradicionalmente atribuídos às mulheres na sociedade.
O Raseam 2025 não se limita a apresentar estes dados, mas oferece um panorama mais amplo sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres no Brasil. Ele abrange sete eixos temáticos importantes que discutem a autonomia econômica, a educação, a saúde integral, a violência contra as mulheres e a presença feminina em espaços de poder e decisão, além do papel delas no esporte. Com um total de 328 indicadores, este relatório é um passo importante para a análise e compreensão da realidade das mulheres no Brasil.
Artigo redigido com base no texto.