Revelações de Ataques Aéreos dos EUA no Iémen

Recentemente, a revista Atlantic publicou uma troca de mensagens entre altos funcionários de segurança dos Estados Unidos sobre os ataques aéreos no Iémen. A conversa, que foi realizada no aplicativo Signal, incluiu acidentalmente Jeffrey Goldberg, o editor-chefe da Atlantic, que decidiu publicar quase todo o conteúdo após insistências de que não havia informações classificadas.
Os detalhes discutidos envolvem planos da força militar dos EUA para os ataques, com o termo “package” referindo-se a um conjunto de aeronaves, sistemas de armamento e dispositivos de coleta de inteligência que fariam parte da operação. A afirmação de que essas informações não eram classificadas foi contestada por Glenn Gerstell, ex-conselheiro geral da NSA, que considerou inconcebível tal ideia na época em que foram compartilhadas.
Informações específicas, como horários de decolagem de aviões F-18 e detalhes sobre ataques “trigger-based” (baseados em gatilhos), foram discutidas. Essas informações são extremamente sensíveis e poderiam permitir a localização exata dos movimentos das aeronaves americanas, como apontado por Philip Ingram, ex-oficial de inteligência militar do Exército Britânico.
Após a revelação das mensagens, o governo dos EUA defendeu que essa troca não constitui um “plano de guerra”. Em um post nas redes sociais, Hegseth, um dos participantes da conversa, argumentou que as informações não incluíam nomes, alvos ou locais específicos, minimizando assim a gravidade da discussão.
Um dos trechos da conversa inclui uma atualização de Mike Waltz, conselheiro de segurança nacional, sobre os ataques, mencionando a destruição de um prédio que era o alvo de um Houthi. Waltz se congratula com colegas pela identificação do alvo e o sucesso do ataque, embora detalhes de como essa informação foi obtida não tenham sido revelados.
Especula-se que a identificação do alvo pode ter envolvido uma combinação de plataformas aéreas, capacidades tecnológicas ou inteligência humana no solo. Ao menos 53 pessoas foram mortas na primeira onda de ataques aéreos dos EUA em mais de 30 alvos na região, incluindo centros de comando e infraestrutura de drones.
Outro ponto sensível discutido foi a atuação de Israel em ataques semelhantes, conforme mencionado por Joe Kent, ex-soldado de operações especiais, que observou que Israel realizou ataques a alvos Houthi em resposta a ataques direcionados a seus próprios territórios. A dinâmica entre as operações de Israel e a mobilização de recursos dos EUA indica a complexidade do confronto na região.
O diretor da CIA, John Ratcliffe, também participou da conversa, mencionando que os EUA estavam “mobilizando ativos” para auxiliar nos ataques, mas poderia haver algumas considerações a serem observadas que não prejudicariam o trabalho da agência por conta de eventuais atrasos.
Artigo redigido com base no texto.