Eli Lilly e o Futuro das Tarifas nos EUA

O CEO da farmacêutica Eli Lilly, David Ricks, manifestou preocupação com a implementação de tarifas abrangentes de importação pelo governo Trump, descrevendo-o como um momento crucial na história econômica dos Estados Unidos. Ricks mencionou que essa política deve dificultar a recuperação econômica do país, implicando que será desafiador voltar atrás nessas decisões.
Em entrevista exclusiva à BBC, Ricks destacou que essa mudança pode levar algumas empresas a relocarem suas fábricas, mas expressou ceticismo quanto à criação de bilhões de dólares em novas receitas, conforme prometido por Trump. Ele também comentou sobre a diminuição da relevância do Reino Unido como potência em farmacêutica e ciências da vida.
Eli Lilly, uma gigante farmacêutica avaliada em $750 bilhões, possui uma vasta rede de 50.000 funcionários espalhados pelos Estados Unidos, Europa e Ásia. Embora as empresas de medicamentos e de microchips tenham sido isentas temporariamente das tarifas, Ricks acredita que esses impostos terão impactos negativos a longo prazo sobre os investimentos em novas medicações.
Ricks explicou que os preços dos medicamentos já são limitados nos EUA e na Europa, fazendo com que as tarifas afetem o restante da cadeia de suprimentos. Isso leva a empresa a absorver os custos das tarifas, resultando em possíveis reduções de pessoal ou investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Ele prevê que os cortes em P&D acontecerão primeiro, o que é uma consequência decepcionante.
Embora Ricks não apoie as tarifas, ele reconheceu a intenção política por trás delas e enfatizou a importância da pesquisa nos Estados Unidos, onde cerca de 70% do P&D global ocorre. Entretanto, a produção em massa está frequentemente concentrada fora do país, refletindo uma tendência em diversas indústrias.
Atualmente, a Eli Lilly está investindo $800 milhões em uma nova instalação na Irlanda, onde já emprega mais de 3.000 pessoas. Ricks afirmou que esse projeto continuará, dado o forte mercado externo, mas honestamente comentou sobre a diminuição do investimento da empresa no Reino Unido.
Além disso, ele alertou sobre a regulação lenta e a baixa adoção de novos medicamentos no Reino Unido, o que pode prejudicar sua reputação como um importante centro de ciências da vida. Ricks se reuniu com ministros seniores e expressou suas preocupações sobre o declínio no investimento em P&D no Reino Unido.
Ele questionou se o país está complacente em sua autoimagem como superpotência em ciências da vida, observando que países como a Alemanha investem quase o dobro de seu orçamento de saúde em medicamentos. Ricks enfatizou que, para a indústria prosperar, a União precisa de um sistema forte de propriedade intelectual, um regulador eficiente e um mercado comercial que recompense a inovação – áreas onde o Reino Unido está enfrentando retrocessos.