A Origem do Primeiro Alfabeto: Desvendando Mistérios

Nos últimos anos, pesquisadores têm investigado a origem dos alfabetos, uma questão que suscita fascínio em muitos estudiosos e curiosos. O script proto-sinaitico é frequentemente citado como o primeiro alfabeto desenvolvido, surgindo há cerca de 4.000 anos. Esse sistema de escrita foi criado por trabalhadores cananeus em uma mina de turquoise no Sinai, Egito, e influenciou a formação do alfabeto fenício, que por sua vez, inspirou os alfabetos hebraico, grego e romano.
Recentemente, uma descoberta realizada por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins lançou nova luz sobre essa questão. Eles encontraram quatro cilindros de argila, com cerca do tamanho de um dedo, em um túmulo da Idade do Bronze em Umm el-Marra, região próxima a Aleppo, na Síria. Radiocarbono sugere que esses símbolos foram inscritos por volta de 2400 a.C., cerca de 500 anos antes do proto-sinaitico, o que poderia indicar que um sistema alfabético já era utilizado na região desde essa época.
Embora a descoberta seja intrigante, nem todos os especialistas concordam que isso signifique que o sistema de Umm el-Marra seja um alfabeto. Philippa Steele, filóloga da Universidade de Cambridge, comentou que, embora o registro claramente represente um sistema de escrita, não é certo que ele esteja relacionado ao sistema alfabético, conforme conhecido hoje. Essa incerteza ressalta como a história da escrita pode ser complexa e multifacetada, com o desenvolvimento de diferentes sistemas de escrita ocorrendo em locais distintos e de forma independente.
É importante destacar que o proto-sinaitico se desenvolveu a partir de hieróglifos egípcios, mas a sua inovação reside no fato de que esse sistema passou a representar sons individuais, os fonemas, usados para formar palavras faladas. Diferentemente de outros sistemas mais antigos, que eram logográficos (onde cada símbolo representava uma palavra ou conceito), o alfabeto introduziu uma nova forma de organização de letras que facilitou a escrita e a comunicação.
As primeiras formas de escrita conhecidas, como os hieróglifos egípcios e a cuneiforme suméria, surgiram por volta de 3200 a.C., mas não são consideradas alfabetos, pois não possuem a característica fundamental de representar sons. A escrita antiga na China também se desenvolveu de maneira independente na mesma época, assim como o sistema de escrita olmeca na América, datado de cerca de 600 a.C.
Com o novo achado em Umm el-Marra, Glenn Schwartz, o arqueólogo responsável pela pesquisa, sugere que a história do alfabeto pode ser diferente do que se pensava anteriormente, levantando novas questões sobre sua origem e desenvolvimento. Por outro lado, Silvia Ferrara, filóloga da Universidade de Bolonha, expressou que não está surpresa com a possibilidade de a escrita alfabética ser mais antiga do que se acreditava, embora o local da descoberta tenha adotado um caráter surpreendente.
Por último, Philippa Steele ressalta a necessidade de mais evidências para confirmar se os cilindros encontrados pertencem realmente a um sistema alfabético, já que a quantidade de sinais é reduzida e isso dificulta uma análise mais profunda de sua estrutura. Esse campo de pesquisa continua sendo um terreno fascinante, cheio de incógnitas e novas descobertas que agradam tanto a especialistas quanto a curiosos de todas as idades.