Sir Jackie Stewart e a Luta Contra a Demência

Sir Jackie Stewart, uma lenda do automobilismo e três vezes campeão de Fórmula 1, compartilhou uma experiência emocional ao relatar o momento em que sua esposa, Lady Stewart, não se lembrou de quem ele era. Sentados juntos, ela perguntou: ‘Onde está Jackie?’, marcando um momento doloroso em sua jornada juntos. Esse tipo de acontecimento foi o catalisador para que Sir Jackie fundasse a organização Race Against Dementia, que está financiando um novo teste de sangue desenvolvido pela Universidade de Cambridge. O estudo visa detectar sinais de demência frontotemporal décadas antes de ela se manifestar clinicamente.
Lady Stewart foi diagnosticada com demência frontotemporal em 2014, e Sir Jackie descreveu as mudanças comportamentais e linguísticas que observou como “horrendas”. Sua condição avançou a tal ponto que ela já não consegue mais andar, e momentos como sua pergunta sobre seu nome revelam a profundidade da doença. Sir Jackie, agora morando em Buckinghamshire e natural da Escócia, se mostrou preocupado com as mudanças na esposa, especialmente quando ela age de maneiras que ele sabia que iriam impactar sua relação, como fazer comentários agressivos inesperadamente, o que é comum em casos de demência, um fenômeno conhecido como “sundowning”.
Para garantir o conforto e a segurança de Lady Stewart, Sir Jackie adaptou sua casa na Suíça, tornando-a acessível e equipada com enfermeiros e neurocirurgiões especializados. Ele reconhece que sua condição privilegiada devido à carreira na Fórmula 1 permite que ele ofereça cuidados que muitas famílias não têm, que enfrentam a dura realidade de lares de cuidados para seus entes queridos que padecem de demência. A demência afetará uma em cada três pessoas em algum momento da vida, algo que Sir Jackie descreveu como uma “desgraça”.
A pesquisa sobre a demência ainda avança lentamente, com limitações nas terapias direcionadas a essa e outras doenças neurodegenerativas em comparação ao câncer, que recebe mais atenção. O novo teste de sangue em que a Race Against Dementia investe pretende identificar indivíduos em risco da demência frontotemporal muitos anos antes de qualquer sintoma físico aparecer. O estudo, liderado pela Dra. Maura Malpetti, está trabalhando para descobrir como a presença de certas proteínas no sangue pode prever a inflamação cerebral, um fator relevante para o desenvolvimento da demência.
O ON-FIRE, estudo em questão, recrutará 300 pacientes em 20 centros na Inglaterra e, eventualmente, se expandirá para 1000 participantes. Com isso, busca-se facilitar os testes de novos medicamentos para demência antes que os sintomas se tornem incontroláveis. Essa abordagem oferece uma nova esperança na luta contra a doença, permitindo que as famílias contribuam para pesquisas medicinais fundamentais.
A Dra. Malpetti afirmou que estamos em um ponto de virada na pesquisa com testes de sangue, pois eles possibilitam diagnósticos más precoces e menos invasivos, beneficiando tanto as famílias quanto os pesquisadores. A capacidade de congelar amostras também abre portas para o teste de novas descobertas, aumentando as chances de intervenções eficazes antes do agravamento dos sintomas.