Conflito Comercial EUA-China: O Que Acontece Agora?

A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China está se intensificando, com a ameaça do presidente Donald Trump de impor tarifas superiores a 100% sobre os produtos chineses a partir de 9 de abril. A China declarou que lutará até o fim, considerando as ações dos EUA como uma forma de coerção.
Em 2024, o comércio de bens entre essas duas potências econômicas somou cerca de US$ 585 bilhões, com os EUA importando US$ 440 bilhões em produtos chineses e exportando apenas US$ 145 bilhões, levando a um déficit comercial significativo de US$ 295 bilhões.
Embora a dependência dos EUA em relação à China tenha diminuído nos últimos anos, os analistas observam que muitos produtos chineses têm sido enviados por meio de países do Sudeste Asiático para evitar tarifas já impostas, tornando a situação ainda mais complexa. Essa manobra foi vista com os painéis solares chineses, que passaram a ser montados em países como Malásia e Tailândia antes de chegar aos EUA.
Além disso, as tarifas já estabelecidas na administração Trump, agora ampliadas, aumentaram os preços de uma série de produtos, com smartphones representando a maior parte das importações. A Apple, que produz grande parte de seus smartphones na China, já viu suas ações caírem 20% recentemente devido a esses impasses tarifários.
Caso as tarifas cheguem a 100%, o impacto será consideravelmente maior, afetando tanto consumidores americanos quanto chineses. Entretanto, o conflito não se limita às tarifas; a China exerce uma influência vital na produção de metais essenciais, podendo restringir o acesso dos EUA a materiais fundamentais como germânio e gálio.
Por sua vez, os EUA podem dificultar a importação de microchips avançados pela China, essenciais para tecnologia como inteligência artificial. Esse embate tem implicações globais, considerando que os dois países respondem por cerca de 43% da economia mundial, e uma guerra comercial total poderia levar à recessão e desacelerar o crescimento global.
Além disso, a China é o maior país manufatureiro do mundo e está exportando mais do que consome, o que pode levar a práticas de ‘dumping’ caso seus produtos não consigam entrar no mercado americano. Isso coloca em risco indústrias em outras nações, como o Reino Unido, que poderia enfrentar uma competição desleal com o aço chinês.
Em resumo, as consequências de um conflito comercial pleno entre os EUA e a China seriam sentidas em todo o mundo, com previsões amplamente negativas para a economia global.