Migrantes nos EUA enfrentam ‘auto-deportação’ após mudanças
Nos últimos meses, milhares de migrantes que entraram nos Estados Unidos durante a administração Biden estão recebendo notificações informando que devem deixar o país “imediatamente”. Esses indivíduos utilizaram o aplicativo CBP One para agendar suas solicitações de asilo, e, geralmente, foram autorizados a permanecer nos EUA por um período de dois anos, recebendo um status de “parole” que lhes permitia trabalhar legalmente no país.
Recentemente, no entanto, muitos migrantes foram notificados sobre a revogação de suas permissões e agora enfrentam a ameaça de processos judiciais caso permaneçam. O Departamento de Segurança Interna (DHS) afirmou que a administração Biden abusou da autoridade de “parole”, permitindo a entrada de milhões de migrantes de maneira ilegal, o que teria contribuído para a crise na fronteira americana.
O ex-presidente Donald Trump havia prometido aumentar as deportações durante seu mandato e, agora, sua administração está renomeando o aplicativo para CBP Home, que é utilizado para facilitar a “auto-deportação”. A mudança refletiu uma política mais rigorosa de imigração, onde os migrantes que receberam as notificações foram informados sobre a anulação de qualquer benefício anteriormente concedido, incluindo a autorização de trabalho.
Um e-mail enviado a um dos migrantes destacava que “é hora de você deixar os Estados Unidos” e afirmava que qualquer continuidade na permanência resultaria em ações legais que poderiam culminar com a remoção do país. É importante notar, no entanto, que esses cancelamentos não se aplicam aos migrantes que fazem parte de programas de “parole” destinados a ucranianos e afegãos.
Migrantes de países como México, Honduras e El Salvador foram os principais afetados pelas novas notificações. Eles estão sendo alertados sobre possíveis consequências legais, incluindo processos criminais e multas civis, caso não deixem os EUA.
O CBP One, que foi inicialmente lançado em 2020, teve suas funções expandidas durante a administração Biden, permitindo que migrantes agendassem suas aparições em pontos de entrada e ajudando a reduzir o número de detenções na fronteira. A mudança para CBP Home agora visa identificar migrantes indocumentados e oferecer uma saída voluntária ao país.
A partir de fevereiro, a administração revelou planos para criar um registro nacional para migrantes indocumentados, disponível para aqueles com mais de 14 anos, que necessitarão fornecer um endereço e impressões digitais ao governo dos EUA. Contudo, especialistas alertam que a implementação desse sistema será desafiadora, com preocupações logísticas e dificuldades em assegurar que todos cumpram as novas diretrizes.