Queda da Confiança na Economia dos EUA e Seus Impactos

A confiança na economia dos Estados Unidos está em queda livre, gerando preocupações entre os investidores sobre os efeitos das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. As tarifas elevadas estão resultando em um movimento significativo de venda de títulos do governo, impactando as taxas de juros e o mercado financeiro como um todo.
Normalmente, os títulos americanos são vistos como um porto seguro para investidores em momentos de instabilidade financeira, mas, recentemente, as taxas de rendimento dos títulos de 10 anos dispararam de 3,9% para 4,5% – o maior índice desde fevereiro. Esse aumento de 0,6 pontos percentuais é alarmante para economistas e investidores, que temem as consequências de uma guerra comercial entre os EUA e a China.
As tarifas impostas por Trump, que atingem 104% sobre produtos chineses, foram respondidas com uma tarifa de 84% sobre produtos americanos por parte de Pequim. Embora Trump tenha anunciado uma pausa de 90 dias no aumento de tarifas para alguns países, a pressão sobre o mercado persiste. A incerteza gerada por essas medidas tem levado a um impacto significativo nas ações, refletindo uma desconfiança crescente em relação à economia americana.
Com o aumento das taxas de juros, o custo de empréstimos para empresas e para o governo também sobe. Laith Khalaf, analista da AJ Bell, observa que o aumento das taxas compromete o crescimento econômico, em vez de ser um alívio em tempos de crise como seria esperado.
Além disso, analistas como Mohammed El Erian destacam que a erosão da confiança nos títulos como ativos de segurança está atingindo o mercado. As preocupações com a inflação e orçamentos do governo estão piorando a situação. Há também especulações de que o Federal Reserve dos EUA, o banco central do país, pode precisar intervir para estabilizar o mercado de títulos.
Ao mesmo tempo, a possibilidade de uma recessão nos EUA aumentou, com JP Morgan elevando a probabilidade de uma recessão de 40% para 60%. A inquietação no mercado tem levado a uma perspectiva negativa sobre o crescimento econômico, e consultores já preveem cortes de taxas de juros pelo Fed como uma maneira de mitigar o impacto das tarifas sobre o emprego.
As consequências do desdobramento da guerra comercial não se limitam apenas aos Estados Unidos. O Reino Unido, por exemplo, também é afetado pela venda rápida dos títulos americanos, que resulta em aumento nos rendimentos dos títulos britânicos e custos mais altos de empréstimos para empresas e consumidores.
As ações do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, reafirmam que o objetivo final das tarifas é reviver o emprego e a manufatura nos Estados Unidos em uma tentativa de corrigir desigualdades comerciais de longa data. No entanto, essa estratégia está ameaçada pelo aumento da incerteza e pelos impactos econômicos potenciais que podem advir dessa guerra comercial.
Por fim, o comportamento dos investidores e a venda de bônus suscitam preocupações sobre a saúde da economia global, gerando um ciclo vicioso onde todos os países envolvidos podem sair perdendo.
Agora, a atenção se volta para ver como as medidas do governo e especialmente as decisões do Fed vão se desenrolar em resposta a essa crise.