Dona Nena e a revolução da bioeconomia no Brasil

A história de Dona Nena, uma mulher empreendedora da Ilha do Combu, próxima a Belém, traz à tona o potencial da bioeconomia no Brasil. Em uma época onde todos buscam por chocolates na Páscoa, Dona Nena mostrou que é possível criar doces artesanais de alta qualidade enquanto preserva o meio ambiente. Mesmo não tendo conseguido falá-la pessoalmente, pude acompanhar a matéria da repórter Tayana Narcisa, que trouxe detalhes sobre essa mulher incrível e seu negócio sustentável.
Dona Nena se destaca como um símbolo da bioeconomia, uma prática que visa utilizar os recursos naturais de maneira responsável e sustentável. Desde 2005, ela desenvolve técnicas para transformar o cacau cultivado na floresta em chocolates orgânicos que ganharam reconhecimento internacional, inclusive tendo atraído a atenção do presidente da França, Emmanuel Macron.
O diferencial do seu trabalho está em preservar o cultivo do cacau em harmonia com outras plantas nativas, como açaí, cupuaçu e banana. Em vez de cultivar o cacau em monoculturas, o que prejudica a biodiversidade, Dona Nena optou por um método que enriquece a terra e promove a economia local. Essa estratégia não só criou empregos na Ilha do Combu, como impulsionou a economia da região, que agora conta com mais de 20 restaurantes e se tornou um destino turístico.
A transformação da Ilha do Combu em um lugar próspero é um claro reflexo do que a bioeconomia pode fazer pelo Brasil. A valorização dos produtos locais, respeitando a natureza e investindo no conhecimento dos moradores da região, é um caminho para um futuro mais sustentável. Para Dona Nena, cada barra de chocolate produzida é o resultado de um trabalho coletivo e de um sonho que começou há anos.
Além do chocolate, Dona Nena também diversificou sua produção com outros produtos, como o doce de cupuaçu, aproveitando ao máximo os ingredientes disponíveis na ilha. Essa adaptabilidade e inovação são essenciais para o sucesso de qualquer empreendedor, especialmente na bioeconomia, que depende da flexibilidade diante das variações sazonais.
Com o potencial global da bioeconomia avaliado em oito trilhões de dólares, o Brasil precisa olhar para suas riquezas naturais e desenvolver modelos de produção sustentáveis. Historicamente, a biodiversidade brasileira é uma das mais ricas do planeta, e iniciativas como a de Dona Nena podem servir de exemplo para muitas comunidades que desejam prosperar sem sacrificar o meio ambiente.
O próximo grande evento que discutirá questões relacionadas à bioeconomia será a COP30, que acontecerá em novembro, logo ali, em nosso país. É um momento oportuno para refletirmos sobre a importância de práticas sustentáveis e a valorização do saber local. A história de Dona Nena deve ser divulgada e inspirar outras iniciativas ao redor do Brasil.