PCC e Ndrangheta: Ameaça global do crime organizado

A expansão da maior facção do Brasil pelo mundo, o Primeiro Comando da Capital (PCC), tem se tornado um grande desafio para as autoridades brasileiras. Caracterizada por uma estrutura hierárquica e um aparato operacional que se assemelha a uma ‘multinacional’, a facção está se expandindo internacionalmente, e suas alianças com outros grupos criminosos estão se tornando cada vez mais evidentes. Recentemente, um relatório do Ministério da Justiça indicou que o PCC estabeleceu parcerias não apenas com sua rival histórica, o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, mas também com a máfia italiana ‘Ndrangheta. Essa relação internacional gera novas preocupações sobre o tráfico de drogas e a violência no Brasil.
Uma investigação da Polícia Federal revelou detalhes alarmantes sobre a ligação entre o PCC e a ‘Ndrangheta. A operação, que já conta com duas fases, recebe o nome de ‘Mafiusi’, em alusão ao termo mafioso. Um pen drive apreendido durante as investigações continha gravações que evidenciam reuniões entre membros da facção e mafiosos, quando foram discutidas atividades criminosas, como o tráfico internacional de drogas e assassinatos. O conteúdo revela que Jefferson Barcellos, um dos membros do PCC, atuava em conjunto com a ‘Ndrangheta para realizar operações de tráfico em Paranaguá, no Paraná.
A Polícia Federal identificou que, em uma reunião ocorrida em fevereiro de 2019, Barcellos e mafiosos discutiram a execução de um ‘trabalho’ e o assassinato de um indivíduo, associados a pagamentos e tráfico de cocaína. Durante a análise dos materiais apreendidos, foram encontradas anotações que indicam um controle rigoroso sobre carregamentos de droga movimentados, revelando uma operação complexa que liga o Brasil à Europa. Essa ligação com a ‘Ndrangheta, uma das organizações mafiosas mais poderosas da Itália, demonstra a gravidade da situação e a evolução do crime organizado no país.
A operação da Polícia Federal não se limita apenas ao tráfico de drogas, mas também abrange lavagem de dinheiro, envolvendo um esquema complexo que inclui três núcleos: operacional, liderança e financeiro. As investigações resultaram na prisão de várias pessoas e na apreensão de bens que somam um valor estimado em R$ 126 milhões. O principal alvo dessa ação, Willian Agati, conhecido como “Concierge do PCC”, era responsável pela logística do tráfico e pelo fornecimento de drogas, destacando-se como uma figura central nesta rede criminosa.
Essas alianças internacionais entre grupos criminosos, além da integração de suas operações, evidenciam um cenário preocupante que demanda uma abordagem mais robusta das autoridades brasileiras. A troca de informações e a cooperação internacional se tornam essenciais para combater essa crescente rede de tráfico internacional de drogas e violência, que se expande pelas fronteiras do Brasil.