Ataque Aéreo dos EUA no Iémen: Migrantes Afetados e Crise Humanitária
Um ataque aéreo dos Estados Unidos em um centro de detenção no Iémen, controlado por houthis, resultou na morte de pelo menos 68 migrantes africanos, conforme relatado pela TV Al Masirah, ligada ao grupo. Outras 47 pessoas ficaram feridas, a maioria delas em estado crítico. O ataque aconteceu na província de Saada, onde um total de 115 migrantes estavam detidos no momento da bombardeio, segundo informações locais.
Este incidente ocorre em meio a uma intensificação da campanha aérea dos Estados Unidos contra os houthis, com mais de 800 alvos atingidos desde março de 2023, quando o ex-presidente Donald Trump ordenou um aumento nas operações militares. Embora a Central de Comando dos EUA (Centcom) tenha afirmado que os ataques têm como objetivo remover a capacidade dos houthis de realizar operações de combate, a situação humanitária em Iémen continua a se agravar.
Milhares de migrantes continuam a chegar ao Iémen, fugindo da pobreza e da violência no Chifre da África, muitos com a intenção de atravessar para a Arábia Saudita. Contudo, acabam encarcerados, enfrentando exploração e condições de vida extremas em um país devastado pelo conflito. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) relata que, somente em 2024, quase 60.900 migrantes chegaram ao Iémen.
A declaração do governo houthi sobre os ataques dos EUA, incluindo um em um terminal de petróleo que deixou 74 mortos, classificou os bombardeios como ‘crimes de guerra’. Por outro lado, a Centcom defende suas operações como essenciais para debilitar a capacidade dos houthis de conduzir atividades hostis na região.
Os houthis têm declarado que suas ações no mar Vermelho estão ligadas a sua posição de apoio aos palestinos, onde afirmam estar atacando apenas embarcações associadas a Israel, EUA ou Reino Unido. No entanto, seus ataques a mercantes demonstram a violência crescente na região, que já resultou em várias mortes e danos aos negócios locais.
A guerra civil no Iémen, que já dura mais de uma década, resultou em mais de 150.000 mortes e deixou quase 20 milhões de pessoas ao redor da linha da pobreza necessitando de ajuda humanitária. A luta pelo controle do país permanece aguda, com a intervenção de uma coligação liderada pela Arábia Saudita em apoio ao governo reconhecido internacionalmente. As tensões políticas e militares só aumentam, com o cenário humanitário quase insuportável.