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O Cardeal David e a Nova Era da Igreja nas Filipinas

O Cardeal Pablo Virgilio David, que recentemente foi nomeado cardeal nas Filipinas, expressou sua surpresa ao descobrir sua nomeação. “Nem mesmo na minha mais louca imaginação eu pensei que isso aconteceria”, afirmou ele, enquanto se preparava para participar do conclave em Roma. David, um bispo de uma pequena diocese onde a maioria das pessoas vive em favelas, reflete a missão do Papa Francisco de aproximar a Igreja Católica das realidades sociais do povo. Com 80% da população das Filipinas católica, a Igreja se tornou um pilar significativo na vida social e cultural do país.

O Papa Francisco pretende revitalizar a Igreja, levando-a de volta às suas raízes, mas enfrenta desafios. A doutrina da Igreja sobre planejamento familiar e divórcio é contestada por políticos, enquanto igrejas carismáticas atraem novos fiéis. Durante seu papado, Francisco incentivou uma abordagem mais inclusiva e sensível das necessidades dos pobres, algo que ressoou profundamente para o Cardeal David, especialmente após a guerra às drogas imposta pelo ex-presidente Rodrigo Duterte.

David se destacou ao criticar abertamente a guerra às drogas, que resultou em milhares de mortes, e ao oferecer abrigo e programas de reabilitação aos que temiam represálias policiais. Sua coragem em falar contra a moralidade da guerra às drogas trouxe-lhe muitas ameaças de morte, mas também o apoio do Papa Francisco, que o encorajou a permanecer seguro e forte.

Historicamente, a relação da Igreja Católica com o poder nas Filipinas é complexa. Originalmente aliada ao período colonial, a Igreja perdeu parte de sua influência política, mas ainda mantém a lealdade da maioria da população. Ao longo das décadas, especialmente durante regimes autoritários, muitos líderes religiosos defenderam a justiça social, em uma virada significativa para a Igreja.

As práticas de resistência e a luta pela justiça social se tornaram parte do legado da Igreja desde os tempos da teologia da libertação nas décadas de 1970 e 80. Após a queda do regime do presidente Marcos na revolução do povo em 1986, a Igreja parecia ter um papel forte na política. No entanto, sua influência começou a diminuir com a resistência a questões de planejamento familiar e divórcio, onde as autoridades foram capazes de aprovar leis que desafiavam a posição da Igreja.

A Igreja ainda enfrenta um grande engajamento social em um mundo cada vez mais cético. Uma pesquisa mostra que a participação em missas semanais caiu para menos de um terço dos católicos. Além disso, os escândalos sexuais na Igreja, amplamente divulgados, abalaram ainda mais a credibilidade institucional. O Cardeal David reconhece essa crise e aponta que a recuperação da moralidade da Igreja deve ser tratada com humildade, abraçando a vulnerabilidade e a disponibilidade ao diálogo.

Diante do crescente secularismo e das mudanças nas atitudes sociais, o Cardeal David acredita que a Igreja não deve se intrometer na política mas deve agir como uma voz moral e espiritual, ajudando a guiar os cidadãos nos desafios contemporâneos. Ao invés de defender uma posição rígida, ele defende a responsabilidade social da Igreja como um parceiro na luta pelos direitos humanos e a justiça social.