Escândalo na Polícia Civil: propinas e organização criminosa

Recentemente, mais seis policiais civis de São Paulo foram denunciados por envolvimento em uma organização criminosa que exigia propinas de influenciadores digitais e artistas do gênero funk, que promovem jogos de azar e rifas ilegais nas redes sociais. A denúncia foi formalizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e inclui um total de oito pessoas, incluindo os seis policiais e uma advogada.
As ações decorrentes dessa investigação fazem parte da Operação Latus Actio, que visa desmantelar operações criminosas que se aproveitam da popularidade de influenciadores para promover atividades ilegais. Já na semana anterior, cinco pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) haviam sido denunciadas por práticas semelhantes.
Os policiais envolvidos são acusados de organizar essas investigações com a intenção de extorquir os influenciadores. Eles monitoravam redes sociais para identificar possíveis alvos e, através de investigações, faziam contato exigindo valores para arquivar procedimentos administrativos que poderiam prejudicar a reputação e a conta dos influenciadores nas redes sociais.
Os crimes atribuídos aos policiais incluem organização criminosa, corrupção ativa e passiva e danos morais coletivos. O GAECO, além de buscar condenações contra os acusados, requer uma indenização ao Estado no valor de R$ 700 mil, em virtude do impacto gerado pelas ações dos agentes.
A primeira fase da Operação Latus Actio foi deflagrada em março, com a realização de 15 mandados de busca e apreensão que resultaram na apreensão de imóveis e veículos de luxo avaliados em mais de R$ 60 milhões. O foco era colher provas relacionadas a crimes como lavagem de dinheiro e evasão fiscal.
Na sequência, a “Latus Actio II” levou à prisão de um policial civil em dezembro do ano passado, cujo alvo foi, entre outros, o funkeiro MC Paiva. Os artistas, ao perceberem que poderiam ser alvo de investigações, optaram por pagar propina para evitar o bloqueio de seus perfis e danos à imagem.
A continuidade das investigações culminou na prisão de quatro policiais civis da região do ABC Paulista. Esses agentes estavam conduzindo procedimentos de Verificação de Procedência de Informações (VPI) relacionados a artistas, com o intuito de extorqui-los, em vez de cumprir o papel de combater práticas ilícitas como a exploração de jogos de azar.
A situação revela um sério desvio de conduta dos policiais, que ao invés de proteger a ordem pública, utilizavam sua posição para adotar práticas corruptas. Esse cenário é alarmante e ressalta a necessidade de uma investigação minuciosa sobre como instituições de segurança pública estão atuando.