Protesto interrompe CPTM e revela crise habitacional em SP

Na tarde desta segunda-feira, dia 12, um protesto na capital paulista causou interrupções significativas na operação das linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Manifestantes, em defesa dos moradores da Favela do Moinho, invadiram a via férrea e atearam fogo nos trilhos, o que resultou em impactos imediatos na circulação das linhas 7-rubi, 8-diamante e 13-jade.
O protesto começou por volta das 16h10, entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Luz, situadas nas proximidades da Favela do Moinho. A manifestação foi uma resposta à retirada forçada de moradores que teve início no dia 22 de abril. A Polícia Militar foi acionada e, felizmente, os bombeiros conseguiram conter as chamas rapidamente, sem registro de confrontos durante o ato.
De acordo com informações da CPTM, a operação nos trens foi normalizada por volta das 17h30, após a contenção da manifestação. Entretanto, o impacto social pertencente a esses eventos vai além da interrupção do transporte público, revelando uma questão mais profunda sobre o reassentamento dos moradores da Favela do Moinho.
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação anunciou que a partir desta segunda-feira, as demolições das casas desocupadas na Favela do Moinho foram iniciadas. O trabalho está sendo realizado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), em conjunto com a Subprefeitura da Sé e a Defesa Civil.
A atual situação revela uma gestão complexa, uma vez que 752 famílias já concordaram em se reacomodar, representando 88% do total de moradores da favela. Dentre essas, 599 já estão aptas a assinar contratos e receber as chaves de suas novas moradias assim que as unidades estiverem prontas. O esforço para deslocar essas famílias já teve como resultado 168 mudanças concluídas até o momento.
O programa de reassentamento também inclui a opção para os moradores que preferem buscar casas no mercado, com 548 optando pela Carta de Crédito Individual ou auxílio moradia. Tais alternativas buscam amenizar os impactos da remoção forçada, mas muitas dúvidas ainda permeiam o futuro dos que ainda não foram reassentados, especialmente em tempos em que a crise habitacional se intensifica em várias regiões do Brasil.
O protesto evidencia a tensão entre as políticas de desenvolvimento urbano e as necessidades dos cidadãos, trazendo à tona discussões necessárias sobre os direitos à moradia adequada e a dignidade dos habitantes das comunidades vulneráveis. Os próximos dias, conforme informado pela Secretaria, devem continuar com as mudanças previstas para aqueles que já solicitaram transporte para suas novas residências.