Relatos de Ex-Militares Revelam Crimes de Guerra no Reino Unido

Recentemente, ex-integrantes das Forças Especiais do Reino Unido quebraram um silêncio de anos ao trazer à público relatos de crimes de guerra supostamente cometidos por colegas em conflitos no Iraque e no Afeganistão. Em um documentário da BBC Panorama, veteranos descreveram cenas perturbadoras, incluindo a execução de civis desarmados e a morte de crianças, o que levanta questões sérias sobre as ações das tropas britânicas.
Um veterano servindo no SAS (Special Air Service) relatou que presenciou a execução de um menino que estava algemado, afirmando que ‘ele era claramente uma criança, longe de estar em idade de combate’. Os relatos incluem a prática de matar prisioneiros algemados ‘como rotina’, muitas vezes utilizando aparelhos para plantar armas ao lado dos corpos para criar a aparência de que os mortos eram combatentes.
Enquanto isso, o SBS (Special Boat Service) também foi mencionado pela primeira vez em alegações graves de execuções de pessoas feridas e desarmadas. Um ex-operador deste grupo afirma que a atmosfera entre as tropas era de uma ‘mentalidade de mob’, levando a comportamentos violentos e sem controle.
As testemunhas revelaram que a violação das leis de guerra era comum. ‘Estávamos lá para matar, não para capturar’, disse um veterano. O conteúdo dos testemunhos sugere que as normas de combate estavam sendo completamente ignoradas, resultando em mortes desnecessárias e sistemáticas.
Uma das declarações mais alarmantes fez referência à rotina de matar pessoas feridas em vez de prestar socorro. Um veterano do SBS descreveu como um membro da equipe disparou à queima-roupa em um homem que ainda estava vivo, o que ele considerou um acto de assassinato.
Essas práticas foram relatadas não só de forma isolada, mas em contexto de um comportamento institucionalizado, onde se incentivava a contagem de mortes, alimentando a competitividade violenta entre os operacionais. Um ex-membro do SAS garantiu que havia operacionais considerados ‘psicopatas’, que se sentiam ‘intoxicados’ pela ação de matar.
As autoridades britânicas foram consultadas sobre os relatos e o Ministério da Defesa afirmou que está ‘totalmente comprometido’ em apoiar a investigação pública em andamento sobre esses crimes supostamente cometidos pelas forças especiais. Contudo, não comentaram diretamente sobre as acusações.
Estes relatos agora estão sob a investigação de uma comissão pública, mas evidências como vídeos das operações, juntamente com as declarações dos veteranos, pintam um quadro tenebroso do que aconteceu em campos de batalha que foram considerados de alto risco.
Além do envolvimento das Forças Especiais britânicas, as declarações também levantam questões sobre a responsabilidade da liderança política, incluindo a do ex-primeiro-ministro David Cameron, que foi avisado várias vezes sobre as alegações de que civis estavam sendo mortos em operações.
A falta de supervisão parlamentar sobre as ações das Forças Especiais e a responsabilidade direta do primeiro-ministro sobre suas operações trouxe à tona a necessidade de maior transparência. Especialistas em direito militar pedem que a investigação examine não só os relatos dos veteranos, mas também o nível de conhecimento da liderança política sobre os crimes cometidos.