Policial Militar será Julgado por Morte de Jovem em SP
A Justiça de São Paulo decidiu que o policial militar Vinicius de Lima Britto será julgado em júri popular pela morte do jovem Gabriel Renan da Silva. O crime ocorreu em uma loja da rede Oxxo, na Avenida Cupecê, na zona Sul da capital, em novembro de 2024, quando Gabriel, de 26 anos, tentou roubar produtos de limpeza. O PM disparou contra ele, atingindo-o pelas costas, enquanto ele tentava fugir.
A juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro, da 5ª Vara do Júri, negou o pedido da defesa para que o policial respondesse ao processo em liberdade. Segundo a juíza, existem indícios suficientes da autoria do crime, considerando a confissão do acusado e imagens de câmeras de segurança que mostram a abordagem.
Durante a audiência, a juíza observou que a reação do policial foi desproporcional ao crime cometido, ressaltando que Gabriel foi atingido por 11 disparos e que estava correndo e desarmado no momento em que caiu, o que desmonta a versão do PM de que o jovem teria feito menção de estar armado.
As imagens analisadas evidenciam que a vítima não estava em uma situação de confronto e que outros clientes precisaram se proteger dos disparos. Além disso, foi levantado que uma testemunha, que trabalhava como caixa na loja, se sentiu coagida a depor inicialmente em favor do policial, alegando que Gabriel havia afirmado estar armado — algo que veio a se desmentir posteriormente.
Para garantir um julgamento justo, a Justiça contará com um corpo de jurados que decidirá a culpabilidade do réu. O júri popular é um mecanismo que busca trazer a voz da sociedade para casos de crimes dolosos contra a vida, garantindo uma análise mais ampla do ocorrido.
Gabriel Renan da Silva Soares, descrito como jovem negro, estava passando por problemas relacionados ao uso de drogas e, segundo sua família, não negava a tentativa de furto. A advogada Fátima Taddeo, tia de Gabriel, declarou que ele estava tentando lidar com suas dificuldades quando o fatídico encontro com o policial aconteceu.
A ação desmedida do policial, que atirou 11 vezes, levantou questões sobre o uso excessivo da força por agentes da lei e seu impacto na comunidade, especialmente entre jovens negros, refletindo um problema social que ainda precisa ser abordado com seriedade.
Artigo redigido com base no texto.