Desocupação na Favela do Moinho: um desafio social

Na manhã desta terça-feira, 22, o governo de São Paulo iniciou a remoção de moradores da Favela do Moinho, localizada na região central da cidade. O processo envolve a desocupação de 11 famílias, que têm se mobilizado em protestos contra a demolição de suas casas nas últimas semanas.
Os moradores, muitos deles nascidos e criados na comunidade, expressam preocupação e revolta com a forma como a desocupação está sendo conduzida. Uma moradora que administra um pequeno comércio local, mas preferiu não se identificar, denunciou que o estado está agindo com força, alegando que “se moramos aqui, é porque não temos condições de um lugar melhor”.
Em resposta, o governo estadual informou que a remoção faz parte de um plano de reurbanização integrado à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). Até o momento, 87% dos moradores já aderiram a este programa, com 558 famílias aptas a receber novas moradias assim que os empreendimentos estiverem prontos.
A CDHU planeja oferecer 1.500 novas habitações para os moradores da comunidade, além de auxílio mudança de R$ 2.400 e auxílio moradia de R$ 800 mensais, para aqueles que ainda não possuem unidade habitacional disponível. Entretanto, o governo argumentou que a regularização da área é inviável devido a diversos problemas estruturais, como a localização entre linhas de trem e a presença de fiação exposta.
Além disso, o governo paulista anunciou a reestruturação da Favela do Moinho, com a implantação do Parque do Moinho, como parte de um esforço para prevenir novas ocupações na área. A situação da favela chamou atenção também do governo federal, que começou a monitorar o processo de remoção e pediu informações sobre a política habitacional do estado.
É importante destacar que a Favela do Moinho é a única localizada no centro da capital paulista. Embora o terreno em que se encontra a comunidade pertença à União, a cessão desse espaço ainda está em fase de negociação. Esse complexo cenário levanta questões sociais profundas sobre habitação e direitos humanos, que devem ser consideradas em qualquer processo de mudança.