Denúncia do MP de SP: PCC e Funk em Rede Criminosa

Na última terça-feira (6), o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou cinco indivíduos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) por exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro. A denúncia é um avanço da Operação Latus Actio, que investiga uma rede criminosa que atua na interseção entre a música, principalmente o funk, e práticas ilícitas que envolvem figuras de destaque no mundo da música.
Os denunciados, segundo informações do MP, têm extensas fichas policiais ou vínculos com criminosos e fazem parte de uma organização criminosa dedicada a delitos como perseguição à ordem tributária e atividades ilegais de jogos de azar. Entre os investigados estão funkeiros como MC Brisola e MC Paiva, que foram associados a rifas ilegais promovidas nas redes sociais e à cobrança de propinas para evitar que seus perfis fossem bloqueados.
Na investigação, foram reveladas transações financeiras suspeitas do grupo Love Funk, responsável pela agenciamento e promoção de artistas de funk. A operação revelou que parte dos recursos envolvidos tinha origem no tráfico de drogas e outras atividades ilegais, levantando a suspeita de que as rifas eram apenas uma fachada para operações mais complexas de lavagem de dinheiro.
A primeira fase da Latus Actio, iniciada em 12 de março de 2024, resultou na apreensão de mais de R$ 60 milhões em imóveis e veículos de luxos, evidenciando a forte ligação entre a música e o crime organizado. A segunda fase, chamada de Latus Actio II, foi marcada pela prisão de um policial civil e outros mandados de busca envolvendo funkeiros.
Com o desenrolar das investigações, ficou claro que alguns policiais civis, em vez de cumprir seu dever de proteger a ordem, estavam agindo de forma corrupta, solicitando propinas de artistas e advogados para encerrar investigações sobre jogos de azar. Essa prática lança uma sombra não apenas sobre as carreiras desses artistas, mas também sobre a integridade da força policial, revelando como a corrupção pode permeiar diversas esferas da sociedade.
O caso reflete um problema social mais amplo que envolve a glamorização de atividades ilegais na cultura popular e a fragilidade das instituições que deveriam combatê-las. A continuação das investigações promete trazer novas revelações sobre como o crime se insinua em meio ao entretenimento e como figuras da música podem acabar se tornando instrumentos de práticas criminosas.