Descoberto Novo Método de Pintura Maya Blue

A fascinante investigação sobre o famoso pigmento Maya blue trouxe à tona um novo método de fabricação que se diferencia daquele descoberto há quase 20 anos. Utilizado pela antiga civilização maia, Maya blue é conhecido por sua cor azul vibrante e indelével, que permaneceu intacta ao longo dos séculos, mesmo nas condições tropicais do sul do México e Guatemala.
Maya blue, introduzido à pesquisa moderna em 1931, é uma combinação de indigo orgânico e um mineral argiloso inorgânico chamado palygorskite. Este pigmento não apenas decorava cerâmicas, mas também era empregado em rituais sagrados, como sacrifícios humanos, durante o período Pré-Clássico (300 a.C. a 300 d.C.).
Durante décadas, cientistas tentaram desvendar com precisão a receita desse pigmento complexo, mas apenas em 2008 tiveram sucesso. Nessa época, uma equipe liderada pelo antropólogo Dean Arnold descobriu que o segredo estava no incenso sagrado copal. Através do aquecimento da mistura de indigo, copal e palygorskite, os maias conseguiam produzir a vibrante cor azul, informação que foi revelada a partir de vestígios encontrados em cerâmicas em Chichén Itzá, uma importante cidade maia.
Recentemente, em abril de 2023, Arnold revelou um segundo método de produção de Maya blue em uma apresentação na Sociedad de Arqueologia Americana. A pesquisa foi publicada em seu livro “Maya Blue” pela University Press of Colorado em 2024. O novo método foi identificado através da análise de doze tigelas maiás, onde uma resíduo branco encontrado nos utensílios era, provavelmente, palygorskite moída. Os resquícios de talco revelaram a utilização de um processo de aquecimento diferente e apoiaram a conclusão de que os maias possuíam mais de uma técnica para criar este pigmento.
Além de ser uma cor notável, Maya blue carrega um profundo significado cultural nos rituais maias. Segundo Arnold, essa descoberta ressalta a genialidade dos maias e como o conhecimento sobre o pigmento parecia ser reservado a especialistas como sacerdotes. Ele sugere também que o pigmento poderia estar associado a sacrifícios feitos ao deus da chuva Chaak, especialmente em épocas de seca, vinculando o produto da mistura de indigo, palygorskite e copal a uma forma de invocação desse deus ancestral.
Apesar do avanço nas descobertas, o processo de fabricação do Maya blue ainda possui mistérios por desvendar. Arnold mencionou que futuras pesquisas focarão na análise microscópica das plantas encontradas nas tigelas, visando identificar as espécies que contribuíram para a cor azul característica.