Ação Policial Revolta Presidente de Escola de Samba

Lara Mara, presidente da escola de samba Unidos de Padre Miguel, gerou polêmica nas redes sociais ao divulgar um vídeo denunciando a ação violenta da Polícia Civil em sua casa. No vídeo, Lara relata a prisão de seu avô, Celso Luís Rodrigues, conhecido como Celsinho da Vila Vintém, fundador da facção criminosa Amigo dos Amigos (ADA). Segundo ela, a operação policial ocorreu de forma agressiva, com agentes armados entrando na residência e agredindo membros da família, inclusive sua avó, uma mulher de 62 anos em tratamento de câncer.
A prisão de Celsinho está relacionada a uma aliança com o Comando Vermelho na disputa pelo controle de comunidades da Zona Oeste do Rio, como Santa Cruz, que atualmente está sob a influência de milícias. A abordagem policial foi marcada por forte resistência da família, de acordo com as declarações do secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
Lara não só denuncia os abusos, mas também relata a dificuldade em comunicar sua versão dos fatos à polícia. Após a ação, sua família foi à Cidade da Polícia no Jacarezinho em busca de esclarecimentos, mas não teve sucesso. “Ninguém quer ouvir a gente”, desabafa Lara, enfatizando que não houve troca de tiros durante a abordagem.
Em coletiva, o delegado Marcos André Buss, responsável pela operação, contestou as alegações de violência, afirmando que a entrada na comunidade foi resultado de intenso tiroteio, o que exigiu uma ação rápida e cuidadosa. Ele ressaltou que a operação tinha como prioridade a prisão e a coleta de provas, mas, devido à resistência e ao clima de tensão, a equipe não conseguiu apreender nada durante a ação.
A situação expõe um dilema complexo: a luta contra o crime organizado em comunidades cariocas versus as alegações de abuso policial. A narrativa de Lara Mara levanta questões sobre a forma como a polícia atua nestes contextos e o impacto que essas operações têm na vida das pessoas que habitam essas áreas.