Polônia quer armas nucleares dos EUA para segurança nacional

O presidente da Polônia, Andrzej Duda, reiterou seu apelo para que os Estados Unidos instalem armas nucleares no território polonês. Em uma declaração no palácio presidencial em Varsóvia, Duda argumentou que a presença dessas armas tornaria a Polônia mais forte e segura, especialmente diante da ameaça que representa a Rússia. Segundo Duda, a Rússia atual é tão agressiva quanto a antiga União Soviética, e ele condenou o que chamou de “ganância imperial” de Moscou.
Para Duda, a instalação de armamento nuclear americano seria uma medida defensiva que fortaleceria a dissuasão contra a Rússia, particularmente após a decisão de Putin em 2023 de deslocar armas nucleares táticas para a Bielorrússia, que faz fronteira com a Polônia e a Ucrânia. Duda ressaltou que a Rússia está em um estado de agressão, responsável pela morte de civis e pelos ataques a áreas residenciais na Ucrânia.
Além disso, Duda expressou seu apoio a propostas do presidente francês Emmanuel Macron para expandir o guarda-chuva nuclear francês a outros países da OTAN. Atualmente, os Estados Unidos já têm aproximadamente 10 mil soldados rotacionando na Polônia, e Duda acredita que a presença de armas nucleares aprofundaria o compromisso dos EUA com a segurança polonesa. Ele afirmou que toda a infraestrutura estratégica americana e da OTAN em solo polonês reforça a disposição dos aliados para defender o território.
A Polônia destina quase 5% de sua renda nacional à defesa, um dos maiores investimentos entre os membros da OTAN, incluindo os Estados Unidos. Recentemente, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, alertou sobre uma “mudança profunda na geopolítica americana” que poderia colocar a Polônia e a Ucrânia em uma situação mais difícil. Tusk pediu aumento do gasto com defesa e sugeriu que a Polônia considerasse “oportunidades relacionadas a armas nucleares”.
Embora Duda tenha elogiado a postura dos EUA, ele se abstém de criticar o ex-presidente Donald Trump, apesar das incertezas geradas sobre o compromisso americano com a cláusula de defesa mútua da OTAN, o Artigo 5. O presidente polonês, no entanto, usa um tom muito mais severo para descrever a Rússia de Putin, apoiando chamadas para que a União Europeia utilize os ativos russos congelados, estimados em 200 bilhões de euros, para apoiar a Ucrânia.
Duda afirma que é evidente que esses recursos devem ser usados para apoiar a defesa da Ucrânia contra a agressão russa e para a reconstrução do país após os danos sofridos. Ele não consegue imaginar que, após a destruição da Ucrânia, a Rússia possa simplesmente reivindicar esses recursos sem arcar com reparações de guerra e compensações.
Com essa postura, a Polônia busca se posicionar firmemente na defesa de sua segurança nacional e da estabilidade na região, em um cenário de crescente tensão com a Rússia.
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