Embaixador sul-africano expulso dos EUA afirma não ter arrependimentos

O embaixador sul-africano Ebrahim Rasool, expulso dos Estados Unidos após um desentendimento com o governo de Donald Trump, afirmou que não tem arrependimentos. Ele retornou à África do Sul no último domingo, sendo recebido por centenas de apoiadores no Aeroporto Internacional da Cidade do Cabo. As relações entre os dois países têm se deteriorado desde a posse de Trump em janeiro.
Rasool, de 62 anos, foi declarado persona non grata nos EUA após o secretário de Estado Marco Rubio chamá-lo de “político provocador racial que odeia a América”. A tensão se intensificou após Rasool afirmar que Trump estava “mobilizando um supremacismo”, em um contexto onde a população branca está se tornando minoria nos Estados Unidos.
Ao desembarcar, ele defendeu suas declarações feitas durante um webinar de um think-tank sul-africano. Rasool explicou que seus comentários buscavam alertar os intelectuais e líderes políticos da África do Sul sobre a mudança na dinâmica das relações entre seu país e os EUA, enfatizando que o antigo modo de conduzir negócios com a América não era mais vantajoso.
Enquanto aguardavam a chegada de Rasool, membros do Congresso Nacional Africano, do Partido Comunista Sul-Africano e de sindicatos locais celebraram sua volta cantando e dançando. Alguns seguravam cartazes com mensagens de apoio, como “Ebrahim Rasool, você serviu nosso país com honra!!!”.
A expulsão de Rasool representa um movimento raro por parte dos EUA, que geralmente se limita a expulsar diplomatas de nível mais baixo. As relações têm se deteriorado desde que o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa assinou uma lei permitindo a expropriação de terras sem indenização, o que, após anos de pressão por reforma agrária, é visto como uma medida visando redistribuir terras da minoria branca.
Em reação a essa lei, Washington cortou ajuda financeira para a África do Sul, citando “discriminação racial injusta” contra os afrikaners brancos. A África do Sul negou veementemente essas alegações. No entanto, Rasool lamentou o fato de não ter conseguido repor as visões do governo Trump durante seu tempo como embaixador. Ele tomou posse no cargo no ano passado, devido à sua experiência e rede de contatos em Washington.
Rasool já havia sido embaixador dos EUA entre 2010 e 2015, durante o governo de Barack Obama. Sua expulsão e as circunstâncias que a cercam destacam o aumento da fricção entre os dois países, refletindo uma mudança significativa nas relações diplomáticas.
Texto escrito com base no artigo.