Desarticulação de esquema de tráfico de armas no Rio

A Polícia Federal desarticulou um sofisticado esquema de importação de armamento pesado destinado ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro, sob o comando de Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, um dos principais líderes do Terceiro Comando Puro (TCP). Esse esquema revelado recentemente trouxe à tona a complexidade e a audácia das operações criminosas no Brasil.
A investigação, que ganhou destaque na mídia por meio do programa “Fantástico”, da Rede Globo, e também foi confirmada pela CNN, revela que armas de guerra, munições, explosivos e equipamentos anti-drone estavam sendo regularmente adquiridos internacionalmente. Essas armas eram enviadas por empresas de transporte e até mesmo pelos Correios, colocando em cheque a segurança das operações de logística nacional.
Áudios interceptados mostram Peixão em negociações diretas com fornecedores internacionais. Em uma das gravações, ele afirma que a partir daquele momento não haveria pausa nas compras. “A partir de agora, a gente já não vai parar mais não, né? Toda semana a gente vai estar comprando alguma coisa. Eu vou me programar pra semana que vem fazer uma compra de 100 mil”, diz o traficante, evidenciando a organização e o planejamento por trás desse comércio ilegal.
A investigação destacou também a participação de Everson Vieira Francesquet, conhecido como “Deus”, que atuava como intermediário nas importações e cuidado do arsenal do grupo. Ele foi preso após tentar retirar um fuzil anti-drone descrito em uma encomenda como “brinquedo eletrônico” nos Correios, evidenciando a falta de cuidado com a qual o esquema era gerido.
Mensagens do celular de Everson revelaram transações internacionais frequentes, com pagamentos em dólar e rastreamento dos produtos. Documentos apreendidos indicaram que a empresa DHL estava enviando armamentos de Hong Kong diretamente para a casa de Everson. Peixão demonstrava interesse em aumentar as compras e fazia questão de garantir um fluxo constante de armamentos: “Veja a melhor forma de envio, dessa vez vou comprar 5 de uma vez”, dizia ele em um diálogo.
Além do uso de empresas de transporte, os investigadores encontraram também indícios de que laranjas estavam envolvidos na movimentação de grandes quantias de dinheiro via Pix, com recibos que mostravam pagamentos elevadíssimos para aquisição de armamentos, que variavam entre R$ 7,5 mil e R$ 15 mil por fuzil do Paraguai, fortalecendo assim o arsenal do TCP.
Everson foi preso novamente este mês em um novo desdobramento do caso e agora enfrenta acusações formais por tráfico internacional de armas e participação em organização criminosa. A Polícia Federal recomenda sua transferência para um presídio federal, considerando a gravidade das acusações.
Em contrapartida, Peixão se encontra foragido, e as autoridades policiais intensificam as operações para capturá-lo, com foco em sua última localização dentro do Complexo de Israel, na zona norte do Rio de Janeiro, onde vivem cerca de 140 mil pessoas. Uma dessas operações incluiu a destruição de uma luxuosa instalação pertencente ao tráfico, denominada “resort do tráfico”, que possuía piscina, academia e lago artificial.
Peixão, agora indiciado também por importação ilegal de armas, continua sendo alvo das operações da Polícia Civil, que busca não somente sua captura, mas também a erradicação da influência do TCP na região.
Texto escrito com base no artigo.